Engenheiros de uma empresa incubada pela UnB (Universidade de Brasília) desenvolveram um sistema capaz de turbinar as cadeiras de rodas convencionais, facilitando a vida de quem precisa usar o veículo. Com a ajuda de componentes que podem ser achados facilmente no mercado, qualquer cadeira de rodas poderá se tornar motorizada, a um custo provavelmente bem menor que o dos equipamentos disponíveis hoje. O engenheiro mecatrônico Samuel César Júnior, um dos responsáveis pelo projeto da empresa Optatis, conta que o trabalho começou por iniciativa dos próprios cadeirantes (como são chamados os usuários do veículo) de uma associação de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. “Eles nos procuraram após submeter o projeto à Finep [órgão de financiamento do governo federal] e conseguir a aprovação”, afirma César Júnior. Segundo ele, muitos deles já possuem cadeira de rodas motorizada. O problema, no entanto, é que o veículo normalmente é importado, caro (custa entre R$ 4.000 e R$ 20 mil) e de difícil manutenção. Não é incomum que repor uma peça custe quase tanto quanto a cadeira de rodas inteira. “Com um projeto totalmente nosso, seria possível reduzir o custo e facilitar a manutenção. Além disso, a idéia é capacitar o pessoal da associação para que eles mesmos possam, no futuro, fazer a manutenção e até a conversão completa da cadeira convencional para a cadeira motorizada”, diz o engenheiro. “Nós forneceríamos, por exemplo, o chip controlador programado, e eles fariam a montagem.” Os elementos básicos necessários para “turbinar” a cadeira de rodas convencional são dois motores independentes; uma placa de potência, responsável por gerenciar esses motores; um manche, que serve de “volante” da cadeira; e uma placa de controle, que faz a leitura dos comandos do manche e os transforma nos movimentos do veículo. No caso do manche, um controle de videogame faz o serviço sem o menor problema, embora outras soluções possam ser usadas, de acordo com o engenheiro. Os outros componentes também podem ser encontrados com facilidade. A parte eletrônica depois é programada pelos engenheiros, para que ela cumpra a função de “entender” os comandos necessários para controlar o movimento da cadeira de rodas. “Nós ainda não fizemos uma certificação oficial da cadeira. Esse é um dos nossos objetivos para o futuro. Mas os próprios cadeirantes já a testaram e gostaram do que viram. A velocidade, mobilidade e dirigibilidade estão bastante boas”, afirma César Júnior. Segundo ele, embora ainda seja cedo para estabelecer um valor final para o veículo, ele deve ficar bem abaixo do preço das cadeiras motorizadas importadas.
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