Quando o Aerosmith pisar nesta quinta-feira (12) no palco do estádio do Morumbi, em São Paulo, qual vai ser o Aerosmith que você vai querer ouvir? O de "Walk this way"? Ou o do disco clássico "Rocks"? Ou será a banda da balada "Cryin''? Certeza que quer os mesmos que fizeram "I don't wanna miss a thing", aquela do filme "Armaggedon"?A banda começa na capital paulista a sua turnê mundial, chamada de "Route of all evil", com 28 shows em 20 países diferentes até o final de julho, e já faz o aquecimento para as gravações de seu 15° disco de carreira, que deve ser lançado ainda neste ano. Foram colocados à venda 65 mil ingressos e, até a noite desta quarta-feira, restavam 10 mil ingressos deste total, apenas para o setor de arquibancada.Em entrevista exclusiva ao "Jornal da Globo", eles falaram sobre o show que preparam para o público brasileiro.
“Foi difícil escolher o repertório do show. Fizemos até uma pesquisa na internet para ver o que nossos fãs estavam esperando, o que queriam. Por isso, acho que o show aqui vai ser um pouco diferente dos outros que fizemos”, disse o guitarrista Joe Perry. “Nós decidimos esquecer os grandes hits, o que a gravadora quer, para tocar o que vem do nosso coração”, completou o vocalista Steven Tyler.
A primeira parada da turnê, no Brasil, fez Tyler se lembrar e se animar com o samba. Ele diz que é esse “espírito e alma contagiantes” que se parecem com o verdadeiro Aerosmith: "É o puro rock que nos manteve, e essa é a nossa atitude. A gente quer ir pra balada, encontrar gente bonita, comer churrasco e ir pra praia, porque lá as mulheres fazem topless!”.
Mesmo mal-informado sobre os costumes nas praias brasileiras, o cantor se declarou ao país. “Nós amamos o Brasil!”, gritou, em português.
* Problemas de saúde
Após ter o ano passado inteiro marcado por problemas de saúde - Tyler passou por uma cirurgia na garganta e o baixista Tom Hamilton se recupera de um câncer no mesmo local -, o quinteto de Boston dá sinais de estar pronto para voltar a mostrar suas diversas fases que tanto arrebataram novos fãs quanto desagradaram outros mais antigos.
O próprio Tom Hamilton também avisou nos últimos dias, em uma mensagem aos fãs brasileiros, que o grupo vem se preparando para tentar algo diferente em sua primeira apresentação no país em 13 anos - a última foi no festival Hollywood Rock, no Rio e em São Paulo.
"Nós escolhemos algumas canções que nós temos certeza que o pessoal quer ouvir e esperamos que estejamos certos. Algumas delas nós não tocamos há alguns anos."
"Na verdades, algumas nós nem tínhamos escrito da última vez que estivémos aí. Há um monte de outras coisas do nosso show que nós nunca apresentamos na América do Sul, principalmente em relação a som, luz e telões", disse o baixista de mais de dois metros de altura e autor de linhas de baixo marcantes como as de "Sweet emotion" e "Jane's got a gun".
Uma que não apareceu nessas apresentações foi a debatida "I don't wanna miss a thing", que não tem autoria de nenhum dos Aerosmiths. A música, único número da banda nos EUA e que serviu de tema para a produção estrelada por Liv Tyler, filha de Steven, foi escrita por Diane Warren - conhecida até hoje por fabricar sucessos de gente como 'N Sync, Kenny G, Céline Dion e até RBD. "Se você quer permanecer relevante, você precisa fazer o jogo", disse uma vez o vocalista.
A parceria com ela foi um dos esforços do quinteto para se manter no topo desde o retorno em meados nos anos 80, após ter se tornado na década anterior uma das maiores do hard rock norte-americano e depois praticamente se autodestruir em batalhas de ego e montanhas de cocaína. O consumo dessa e de outras substâncias tornaram Tyler e o guitarrista Joe Perry conhecidos como os "Toxic Twins", os gêmeos tóxicos.
Também entre os sobreviventes do rock, os cinco integrantes do Aerosmith conseguiram chegar, depois de vários altos e baixos, aos dias de hoje tanto com vários hits na bagagem como dentro da galeria dos principais nomes do gênero.
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