2.5.07

Tecnologia: Mais caro, Blu-ray lidera guerra dos DVDs


A transição para tecnologias mais desenvolvidas tem levado, mais uma vez, a disputas entre modelos diferentes. Assim como nos anos 80, quando o VHS se firmou como alternativa ao Betamax, a evolução do DVD para a alta-definição tem duas vertentes: Blu-ray e HD-DVD. Fabricantes e estúdios de cinema nos Estados Unidos defendem tecnologias diferentes, e por enquanto, se tomada como base o número de aliados e a quantidade de discos vendidos, o Blu-ray -- a alternativa mais cara -- tende a ser o próximo aparelho a ser colocado na sala de estar.

Segundo a publicação "Home Media Magazine", cerca de 70% dos discos de filmes vendidos nos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2007 foram desse modelo. Os dados servem como termômetro para a venda dos aparelhos, mas por enquanto ainda não dá para definir o mais popular. Isso porque muitas pessoas utilizam o console do PlayStation 3, da Sony, para reproduzir filmes em Blu-ray -- assim, elas não compram esses reprodutores.


Na prática, para o consumidor final, as diferenças são poucas -- e a principal delas é a capacidade. Enquanto o DVD tradicional tem capacidade de 4,7 GB, o HD-DVD pode armazenar 15 GB em dados e o Blu-ray guarda 25 GB. Isso em camada simples -- se o disco tiver gravações dos dois lados, a capacidade dobra para 30 e 50 GB, respectivamente.

“Isso acontece porque no Blu-ray o espaço entre as trilhas é menor: a leitura do disco é feita de fora para dentro, em espiral. Com menos espaço entre elas, é possível gravar mais dados. Isso fica mais caro, devido à necessidade de uma camada de proteção maior, justamente porque os dados ficam mais próximos”, explica Edson Schellin, da área de Tecnologia e Vídeo do Senac São Paulo.

“Os aparelhos utilizam o laser azul para ler e gravar os dados, enquanto no DVD tradicional o laser é vermelho. Esse laser azul possui ondas menores, que permitem armazenar mais informações em mídias de mesmo tamanho”, explica Carlos Werner, gerente de marketing de produto da área de Áudio e Vídeo da Samsung, que apóia o Blu-ray.

No bolso

A qualidade da gravação é a mesma nas duas vertentes. O preço dos discos é pouco diferente -- um disco Blu-ray virgem pode ser achado por US$ 28,50, enquanto um HD-DVD nas mesmas condições custa menos: sai por US$ 19,99.

A grande novidade tecnológica em questão é a gravação e reprodução de conteúdo em alta-resolução -- algo que só pode ser aproveitado com as TVs de alta-definição, de plasma ou LCD. “Somente com essas TVs o aparelho Blu-ray ou HD-DVD poderá ser utilizado com todo o seu potencial. Do mesmo modo que essas TVs só terão sua capacidade real observada com a execução de um filme com um dos dois formatos, visto que ainda não temos transmissão de TV aberta digital no país”, explica Schellin.


Atualmente vendidos no Brasil por preços entre R$ 2.999 (HD-DVD HD-A2 da Toshiba) e R$ 3.999 (Blu-ray BD-P1000 da Samsung), os aparelhos concorrentes contam com uma alternativa: a LG lançou recentemente nos EUA um aparelho híbrido, que executa os dois formatos, o que pode tanto ser uma solução para os consumidores quanto prolongar ainda mais a disputa entre as tecnologias. Os discos de filmes, apesar de bastante difundidos nos EUA, ainda estão começando a chegar aqui.

“Por enquanto, o melhor que o consumidor tem a fazer é esperar. Nós, aqui no Brasil, estamos em uma posição confortável. O ideal é esperar baixar o preço e, se for comprar, deve-se optar por um aparelho que toque os dois formatos. Assim, quando um deles se firmar como o sucessor do DVD, o usuário não corre o risco de ficar com um equipamento sem uso”, explica Schellin.

Disputa

Para os fabricantes envolvidos na disputa, esse produto híbrido não parecer ser uma boa idéia. Mas Hiroshi Kishima, gerente de produtos da Semp Toshiba no Brasil, que defende o HD-DVD, acredita que essa iniciativa dá crédito ao formato. “Se um fabricante como a LG, que originalmente apoiava o Blu-ray, lança um produto com as duas tecnologias, é porque acredita nelas, em seu potencial de vendas e consumo. Deste modo, ganhamos crédito”, afirma.

Ele ressalta que a busca pelos novos modelos surge junto com o início da popularização das TVs de alta-resolução, aparelhos com os quais os DVDs da próxima geração estão intimamente conectados. “A necessidade veio das telas grandes, nas quais as imagens dos DVDs comuns não ficam boas”, explica Kishima, que não deixa de defender sua tecnologia. “No fim desse ano deve aumentar o interesse por causa da alta-definição sendo transmitida pela TV. O HD-DVD é um produto mais competitivo, barato, e apesar de ter menor capacidade de armazenamento, está menos sujeito a riscos e vibrações.”

Já Werner, da Samsung, que lançou recentemente nos EUA seu primeiro reprodutor com as duas tecnologias de alta definição, conta que “com esse aparelho híbrido, os consumidores não precisam mais ficar hesitantes na hora de escolher um reprodutor de mídias de acordo com a tecnologia, podendo aproveitar quaisquer conteúdos completos de ambas as mídias de alta-definição -- discos Blu-Ray e também HD DVD.”

Ele defende, porém, a tecnologia Blu-Ray, afirmando que ela irá conduzir a evolução do mercado mundial de reprodutores e gravadores de DVD. “Principalmente pela maior capacidade de gravação de suas mídias e o suporte das principais empresas de eletroeletrônicos a esta tecnologia, que resulta em maior oferta de produtos e competitividade de mercado.”

Vertentes

A formação de “grupos de apoio” a cada uma das tecnologias é clara. O Blu-ray tem apoio de cinco dos seis maiores estúdios de cinema, enquanto o HD-DVD é apoiado por três deles. Três estúdios -- Sony, Disney e Fox-- apóiam exclusivamente o Blu-ray. Paramount e Warner têm produtos em ambos os formatos, e a Universal é o único grande estúdio a lançar filmes somente em HD-DVD.

“Quem vai mandar na imagem de alta-definição não é a TV aberta, e sim os filmes”, fala Schellin, que acredita que as emissoras passarão a anunciar o horário de transmissão de um programa em alta-definição, dependendo das produtoras de filmes.

“A Sony tem um histórico de colocar no mercado produtos que não deram certo, como o Betamax e o mini disc. Mas, dessa vez, os estúdios que vão escolher o vencedor, e com todo o apoio que a empresa tem recebido, creio que ela vença”, conclui Schellin.


http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL29201-6174,00.html

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