Na noite de 7 de fevereiro, o carro onde estavam João, Rosa e Aline, 14 anos, irmã do garoto, foi cercado por bandidos. As duas conseguiram sair do veículo, mas os criminosos arrancaram e o garoto, preso ao cinto de segurança, foi arrastado por sete quilômetros.
Dia seguinte, a barbárie foi capa de todos os jornais. "Quando vi a manchete fiquei chocado, tentei me colocar no lugar dos pais. Fechei o jornal naquele dia e escrevi a música chorando muito", lembra Rodrigo, pai de Leonardo, 8 anos, e Pedro, 10 meses.
Pasmo com o caso de João Hélio, Rodrigo diz que começou a questionar o valor da vida.
"Depois de ler a reportagem, pensei: 'Caramba! A vida humana não significa porcaria nenhuma'. Esses desalmados devem pensar: 'Não sinto nada por essa pessoa, nem conheço, vou matar'", indigna-se.
"A sociedade civil tem de chamar a atenção do governo para o que está acontecendo. Não podemos deixar que os casos de violência se transformem apenas em estatística. Estamos abertos para tudo que possa sensibilizar as pessoas e a música ajuda", diz Elson. "Quem sofre a perda continua sempre com a dor, mas temos de buscar transformações", completa Rosa.
No momento mais emocionante do encontro, Elson lembrou detalhes do dia-a-dia de João Hélio. "A dor da perda é uma ferida constante. O João era muito ativo e carinhoso, a todo instante a gente lembra dele. Quando íamos a uma lanchonete, ele pedia: 'Quero caaa-tchup!', ou quando me abraçava, que eu brincava: 'Abraça mais forte, rapaz'", conta o pai, com os olhos cheios d'água.
Para Rodrigo, a solução para combater os problemas sociais está dentro de casa. "É importante que a educação passada de geração à geração seja de qualidade", diz o músico.
Rosa concorda e lembra o caso da empregada doméstica Sirlei de Carvalho, 32, espancada por jovens de classe média no último fim de semana. "É dever dos pais ensinar o que é certo e errado", fala a mãe. "Não adianta jogar toda a culpa no Estado, tem que ver como anda a situação dentro de casa", diz Elson.
Trabalho de formiguinha
A luta contra a violência pelos pais de João Hélio não é tão simples. "É difícil, é um trabalho de formiguinha. Só aos poucos e com força de vontade a gente consegue", diz Elson.
Assim foi a batalha de Rodrigo Santos para largar as drogas. "O trabalho de formiguinha é o mais eficiente. Estou há dois anos longe do álcool e de outras substâncias", conta o músico, que procurou terapia para ajudar.
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