21.6.07

Música: Rush passeia por estilos em disco novo


Sem um perfil homogêneo do começo ao fim, “Snakes and arrows”, álbum mais recente lançado pelo Rush, pode ser visto como uma coletânea - de canções inéditas. Se considerarmos que as 13 músicas incluídas nele são de fato novas e foram compostas no ano passado, entretanto, chegamos a um formato novo: uma coletânea de sons.

O trio canadense revisita estilos trabalhados ao longo de mais de 30 anos de carreira, indo do metal ao folk, passando pelo rock progressivo enraizado, longas jams instrumentais, tudo em mergulhos profundos e com grande naturalidade, como eles já fizeram outras vezes.

A primeira impressão que se tem ao escutar “Snakes and arrows” é de que eles resolveram fazer um disco mais pesado, mas depois se pode pensar que é um disco mais espontâneo, improvisado, ou um álbum mais técnico, explorador. E a sensação final é que ele tem um pouco de tudo isso, como a própria (longa) discografia do Rush, e dá uma boa mostra do que o grupo é capaz em vários fronts da música.

A decisão de gravar um disco mais livre e heterogêneo pode soar estranha, já que se fala do Rush, grupo que tradicionalmente explora conceitos mais aprofundados do começo ao fim de cada disco. A idéia pode ter vindo das longas turnês de shows que marcaram os cinco anos de intervalo entre o último álbum de inéditas, “Vapor trails”, e este novo.

Se não é exatamente o esperado, também não é nem um pouco frustrante. Mesmo sem trazer nenhuma grande inovação, o disco reexplora formatos originais do Rush, que foram imitados a torto e a direito por outros grupos que tentaram entrar pelo rock progressivo, mas sempre com mais competência de que os seguidores.

A sonoridade, como sempre, é de uma coesão impressionante. Impossível ouvir qualquer canção do Rush, incluindo estas do “Snakes and Arrows”, sem lembrar assustado, de tempos em tempos, que há apenas três músicos fazendo todo aquele som (com raros convidados, como Ben Mink fazendo um arranjo de cordas em “Faithless”).

Um bom exemplo deste tipo de som é a própria música de abertura, “Far cry”, com riffs pesados de guitarra, uma linha de baixo que guia a música e que faz o contraponto com a voz de Geddy Lee, tudo no ponto certo. Isso sem falar da capacidade que o baterista Neil Peart de fazer com que a percussão mais simples soe genial. “Far cry” é simples, cantável, quase pop. E o mesmo disco ainda traz um violãozinho suave e interiorano em “Hope” e o mergulho explorador de “Main monkey business”.

Bom pra quem está começando a conhecer o Rush. Bom para quem acompanha há mais de 30 anos e quer sempre mais do que já conhece.

http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL54674-7085,00.html

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