28.1.08

Câmeras mostram se mar está bom para surfe e praia lota


Desde que Jimmy Minardi montou sua câmera de vídeo de US$ 8,5 mil, no verão do ano passado, e a apontou para o Oceano Atlântico, os surfistas de East Hampton, nos Estados Unidos, estão reclamando.

A câmera transmite imagens diretamente para o site de Minardi, e permite que surfistas verifiquem as ondas sem que precisem carregar pranchas para a praia na esperança de que o mar esteja bom para o esporte. Essas câmeras de surfe, ou wave cams, que conquistaram muita popularidade nos últimos anos, ajudam a divulgar praias menos conhecidas para pessoas que estejam em busca de novos pontos de surfe.

Mas elas também causam problemas junto aos surfistas mais radicais, conhecidos por seu apego ao território que freqüentam. Eles culpam as câmeras por lotarem praias no passado isoladas ou vazias. Hoje, a costa sul de Long Island abriga talvez uma dúzia de wave cams, e há outras tantas ao longo da costa de Nova Jersey, dizem surfistas.

Atos de vandalismo são comuns a ponto de levar os operadores ¿ de lojas de surfe, que operam uma câmera, a grandes empresas do setor, que podem operar dezenas delas - a manter sigilo sobre sua localização. Os funcionários da http://wavewatch.com e da http://www.surfline.com, dois dos maiores sites de câmeras de surfe, afirmaram que tentam posicionar as câmeras em pontos que não causem irritação aos usuários regulares das praias.

Ainda assim, Jonno Wells, presidente-executivo da Surfline, que opera cerca de 100 câmeras em praias dos Hampton ao Havaí, disse que sua empresa freqüentemente recebe e-mails irritados de "surfistas que queixam de que as câmeras causam lotação nas praias".

Rafael Patterson, gerente de marca da Wavewatch, que opera 18 câmeras nos Estados Unidos, disse que sua empresa também já recebeu queixas, mas que tentava usar a sensibilidade para posicionar as câmeras de surfe. Wells afirmou que diversas das câmeras de sua empresa foram danificadas. Patterson afirmou que não conhece qualquer caso de vandalismo. Minardi, 45 anos, natural de East Hampton, é um professor de ginástica cuja lista de clientes célebres inclui Jerry e Jessica Seinfeld. Ele diz que não se incomodou com as queixas que recebeu ¿ até que alguém roubasse sua câmera, no mês passado.

A polícia de East Hampton Village está interrogando surfistas locais em busca de um suspeito? Será que o responsável foi o ator e surfista que enviou a Minardi uma mensagem de e-mail na qual afirmava que, como membro do sindicato de atores de cinema, ele cobraria o preço de tabela a Minardi a cada vez que aparecesse nas imagens da câmera? Ou a pessoa que ameaçou bloqueá-la colocando uma placa em sua frente?

A câmera estava posicionada logo a leste de Georgica Jetties, um ponto de boas ondas que não atrai multidões como as que freqüentam outros locais de surfe mais conhecidos, a exemplo de Ditch Plains, em Montauk. Mas o problema, disse Matt Norklun, o surfista-ator que enviou o e-mail, é que ela atraía surfistas demais à área, muitos dos quais principiantes (categoria à qual os surfistas experientes designam "groms" ou "kooks").

Como resultado, a comunidade local de surfe, que forma um grupo bastante fechado, costumava brincar sobre maneiras de bloquear a câmera. Mas, depois que ela desapareceu, não houve um murmúrio sobre quem pode ter sido o responsável pelo furto, ou qual teria sido a razão.

Minardi diz que é possível que a câmera simplesmente tenha sido roubada devido ao seu valor. Norklun era um dos críticos mais veementes da câmera, e diz ter sido interrogado pela polícia depois que ela desapareceu.

"Não sei quem a levou, mas quem quer que seja, o cara é um herói para todo mundo aqui", ele afirmou. "A polícia me perguntou se eu revelaria a identidade do cara, se soubesse, e eu disse que provavelmente não". Quando à sua exigência de receber pagamento de acordo com a tabela do sindicato, ele disse que "muita gente estava irritada com Jimmy, e eu só queria enfatizar o ponto".

Minardi foi autorizado a instalar a câmera na propriedade do publicitário Jerry Della Femina, na sofisticada comunidade de Georgica Pond, em East Hampton, que abriga também casas de verão de figuras como Steven Spielberg e Mortimer Zuckerman.

A câmera estava instalada sobre um poste de madeira, entre dois arbustos, e o poste foi simplesmente serrado no momento do roubo. "Alguém com certeza planejou o crime", disse Minardi na semana passada, no local em que a câmera foi instalada, que fica a uma boa caminhada de distância da entrada pública para a praia local.

Della Femina, que não pratica surfe, disse que não estava contente por ter sua propriedade invadida pelos ladrões de câmera. "Se eu tivesse saído de casa naquele momento, teria havido um massacre da serra elétrica?", ele disse.

Quando à controvérsia sobre a wave cam, ele disse que "considero incrível que haja surfistas que se vejam como proprietários de um ponto no oceano".

Não se trata do primeiro caso de vandalismo contra wave cams. Em Montauk, a idéia de montar uma câmera em um ponto de surfe conhecido foi recebida com ameaças furiosas, e a idéia foi abandonada.

"Você definitivamente ouve histórias sobre pessoas que as odeiam e jogam pedras nas câmeras", disse Doug Parent, presidente da divisão da Surfrider Foundation em Nova York. O grupo se dedica à proteção das praias, e Parent diz que "eu não defendo vandalismo, mas consigo entender o que levaria alguém a agir assim".

Minardi disse que já arrecadou quase todo o dinheiro necessário a substituir a câmera. "Dessa vez, ela será colocada na chaminé, e haverá uma segunda câmera oculta para vigiar o local", ele afirmou. "Dessa vez, ninguém vai mexer com ela".


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