Em meio a autógrafos em notebooks de fãs, "Mr.Maddog" responde perguntas e deixa escapar que trabalha com grupos privados no Brasil para a oferta de Internet sem fio e gratuita. Detalhes do projeto ele prefere não revelar ainda, nem quando será lançado.
Longe dos fãs, após sua palestra sobre mercado de trabalho em software livre na Campus Party Brasil, ele conta que o setor na América Latina está em franca expansão e que governos e empresas no Brasil estão apostando cada vez mais na tecnologia. Mas essa indústria enfrenta problemas para se desenvolver e gerar companhias de renome mundial como a RedHat.
"Nos Estados Unidos, é muito, e eu quero dizer muito fácil mesmo, abrir uma empresa. E elas surgem a todo o instante e morrem a todo o instante, mas de vez em quando uma consegue sobreviver e se destaca", disse Hall ainda recuperando fôlego pelas horas de viagem. "No Brasil é muito difícil começar um negócio por causa da burocracia e da dificuldade em se obter financiamento, mas é bom ver que governo e empresas estão reconhecendo o valor do software livre", disse, citando como exemplos a Caixa Econômica Federal e o Metrô de São Paulo que usam programas livres em suas atividades.
Defensor enérgico do software livre e colaborador de Linus Torvalds no desenvolvimento do sistema operacional Linux, Hall não perde oportunidade para criticar grandes corporações e seus programas proprietários, que para ele limitam a escolha dos usuários.
"As pessoas estão tão acostumadas a pegar caixas de prateleiras que acham que estão fazendo uma escolha e não percebem que no fundo as caixas vêm da mesma empresa."
Para ele, o interesse da Microsoft pelo Yahoo não será bom para a gigante do software. "A Microsoft foi considerada culpada (de práticas anticompetitivas) nos EUA e na Europa (...) Não vejo como seria diferente agora", afirmou Hall.
Ele lembrou ainda de resultados abaixo do esperado em grandes fusões como a que envolveu AOL e Time Warner.
Diante de sua posição resoluta à favor da liberdade de escolha, Hall mostra um perfil político flexível ao revelar que durante a faculdade era democrata, mas quando passou a trabalhar e acumular responsabilidades mudou de lado para o Partido Republicano. E, em mais uma reviravolta, passou a ser democrata depois que George W. Bush assumiu a Casa Branca.
"Bush está gastando trilhões de dólares na guerra no Iraque, matando pessoas, matando crianças e isso não deveria acontecer." Perguntado se já tomou decisão para a eleição deste ano em seu país, ele respondeu: "Para mim o ideal seria Hillary (Clinton) na presidência e (Barack) Obama na vice-presidência".
Reuters
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