Um analista de sistemas de São Paulo foi condenado pela Justiça a um ano e oito meses de prisão pela venda ilegal de CDs piratas através da internet. A condenação - anunciada no dia 13 de fevereiro – é a primeira no país envolvendo a negociação não-autorizada de músicas via on-line, segundo a Associação Antipirataria Cinema e Música (APCM).
Como a condenação foi em primeira instância, o réu, de 31 anos, poderá recorrer em liberdade da decisão – que também estipulou outros 16 dias extras de prisão, com a possibilidade de serem convertidos em multa.
“Por ser a primeira condenação, o fato sem dúvida tem um valor pedagógico importante”, declarou Ygor Valério, diretor do departamento de antipirataria na internet da APCM.
“Muitas vezes, quem usa a internet para fins ilícitos acha que é inatingível. A decisão mostra tanto que ela não é um meio sem regulação com também que a polícia brasileira está equipada para investigar crimes eletrônicos”, completou.
De acordo com informações da APCM, o réu anunciava através de um site na internet uma compilação de álbuns dos Beatles. As músicas, em formato MP3, eram gravadas em CDs e enviadas pelos Correios para compradores de todo o Brasil, após a comprovação de pagamento via depósito na conta bancária do acusado. A Justiça teria comprovado a realização de pelo menos 140 operações de compra realizadas dessa forma.
O processo, que correu na 18a Vara Criminal de Justiça de São Paul, teve início em 2003, quando foi constatada a realização das vendas ilegais. Após notificação da APCM, a 4ª Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Eletrônicos reuniu evidências e realizou uma operação de busca e apreensão nos computadores utilizados pelo acusado. Após perícia, teria sido constatada sua utilização ilegal.
A condenação teve como base o artigo 184 do Código Penal, que rege violações aos direitos autorais. Como a Justiça considerou o crime continuado, ou seja, realizado repetidamente ao longo do tempo, a pena básica foi aumentada em dois terços.
A reportagem do G1 tentou localizar o réu para ouvir sua opinião sobre o caso, com base nos contatos que constam no processo. No entanto, o telefone fornecido não estava mais em funcionamento.
Segundo Valério, devido à pequena penetração da banda larga no Brasil o uso da internet como veículo para a venda de CDs piratas ainda tem o mesmo peso que o download ilegal de músicas. “Mas existe a tendência de que isso se inverta com o tempo”, ressalva.
Na opinião do advogado especializado em Direito Eletrônico Renato Opice Blum, até dois anos atrás este tipo de ação judicial era incipiente. De acordo com ele, o que mudou esse quadro foi “o fato de que os prejuízos causados pelas vendas ilegais on-line estão se tornando consideráveis”.
De acordo com a APCM, existem cerca de 70 outros casos semelhantes sendo investigados pela entidade e pela polícia.
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL306641-6174,00.html
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