2.7.08

Tratamento testado em ratos pode ajudar quem sofre de envelhecimento precoce

Um tratamento elaborado por pesquisadores espanhóis em ratos com envelhecimento precoce ou progeria, que terá aplicação imediata em humanos, demonstrou um aumento da longevidade de 80%, o que foi considerado "um marco" científico, segundo especialistas.

A aplicação imediata do tratamento em humanos é possível pela experiência no uso dos medicamentos incluídos, e que têm poucos efeitos colaterais, explica o professor de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Oviedo, Carlos López-Otín. O cientista é responsável pelo trabalho, publicado na edição digital da revista "Nature Medicine".

A progeria é uma síndrome "muito pouco freqüente, mas devastadora e terrível", segundo López-Otín. Ele conta que a expectativa de vida dos pacientes que sofrem de sua forma mais comum, a síndrome de Hutchinson-Gilford, é de menos de 20 anos.


Antes do tempo

As síndromes de envelhecimento precoce são doenças congênitas caracterizadas pela aparição prematura de sintomas normalmente associados a idades avançadas, como osteoporose, perda de gordura subcutânea e de cabelo e problemas cardiovasculares, entre outros. Os resultados do tratamento descrito pelos cientistas confirmaram uma melhora do estado geral dos ratos, que recuperam peso e aumentam de forma significativa a longevidade média em todos os experimentos realizados.

Os pesquisadores das Universidades de Oviedo e de Marselha (França) descreveram uma estratégia farmacológica baseada em uma combinação de remédios já utilizados para o tratamento de processos oncológicos e doenças cardiovasculares. O tratamento consistiu basicamente na administração periódica de uma estatina (remédios utilizados para controlar os níveis de colesterol) e aminobifosfonatos (medicamentos para o tratamento da osteoporose e de alguns processos tumorais).

O experimento pode ser aplicado em humanos, porque existe "uma ampla experiência na utilização destes dois tipos de remédios, que apresentam ainda poucos efeitos colaterais", disse López-Otín.

É iminente o início de um teste clínico baseado nestas experiências, que será dirigido pelo médico Nicolás Levy, na França, com a participação de pacientes europeus afetados por essas raras e devastadoras doenças, para as quais, até agora, não havia tratamento. Além de melhorar a vida dos pacientes, o tratamento descrito é interessante do ponto de vista biológico, porque pode proporcionar dados sobre os mecanismos responsáveis pelo envelhecimento normal e pelas ligações com outros processos, como o câncer.

Agencia EFE

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