25.8.08

Demanda por velocidades mais altas de internet desafia operadoras

À medida que transmissões de vídeo ganham popularidade na Internet e cresce o volume de informações trafegadas entre os internautas, a demanda por conexões cada vez mais velozes e mais largura de banda pressiona as operadoras.

A banda larga continua crescendo de forma acelerada no Brasil, mas a competição entre as modalidades de conexão --cabo, linha telefônica e celular, principalmente-- se dá agora para saber quem vai conseguir a maior velocidade a um custo mais acessível ao cliente.

Pedro Ripper, presidente da Cisco, que desde 2006 patrocina a pesquisa Barômetro Cisco de Banda Larga, acredita que "a pressão de um novo concorrente gera sempre uma onda de inovação nas empresas existentes".

Os números apresentados nesta semana pela pesquisa mostram que a banda larga móvel, por exemplo, já representa 13% das conexões de alta velocidade --sem contar os acessos feitos pelo próprio aparelho celular ou smartphone, só as conexões via PC.

Esse quadro vai levar, invariavelmente, a um movimento por parte das operadoras que vendem conexões fixas, como via cabo ou linhas telefônicas. "[As operadoras] não vão ficar passivas, assistindo, e por isso devem se renovar", afirmou à Reuters. Ripper ressaltou que "nenhuma solução é trivial" e todas envolvem investimentos.

Ele lembrou que, hoje, as conexões de banda larga móvel que começam a ganhar popularidade envolvem velocidades de 2 a 3 megabits por segundo (Mbps). Por isso, as operadoras fixas que oferecerem de 4 Mbps em diante conseguem um diferencial.

Acima de 8 Mbps "as empresas de cabo têm uma vantagem clara" sobre as operadoras de telefonia fixa porque conseguem ampliar a velocidade oferecida em suas redes a 20 Mbps "sem dificuldade", com custos baixos, acrescentou.

O executivo explicou que, para isso, as operadoras de cabo só teriam de trocar os equipamentos "nas pontas" --ou seja, na casa do cliente e no extremo de sua rede, algo que não seria possível para as rivais da telefonia fixa.

Fibra óptica

As operadoras de telefonia, cientes das limitações de suas atuais conexões fixas, começaram a investir na tecnologia de fibras ópticas, que permite velocidades de até 100 Mbps, mas essa é uma opção cara e, por isso, tem de ficar restrita a regiões que gerem o devido retorno.

A Telefônica lançou o acesso em "super banda larga" com fibras ópticas no final de 2007, mas ele está restrito a alguns bairros nobres da capital paulista. A velocidade máxima é de 30 Mbps, serviço cujo preço é de R$ 286 mensais.

A estratégia também será seguida pela Brasil Telecom, que anunciou recentemente a intenção de oferecer conexões por fibra óptica até dezembro. Marcelo Frasson, diretor de planejamento técnico da BrT, afirmou no início do mês que o custo de implementar uma rede de fibras "ainda é no mínimo três vezes mais alto" que uma rede de ADSL, opção atualmente em uso a partir da linha telefônica.

Ripper, da Cisco, acredita que "em algum momento a banda larga móvel supere a fixa". Em novas adições, isso pode acontecer já em 2009 no Brasil, espera o executivo.

Mundialmente, lembra ele, as conexões fixas ainda dominam o mercado e, como a banda larga móvel é algo recente, "ainda não está tão claro como vai ser o comportamento do mercado e se o modelo de negócios será viável".

Nova meta
A pesquisa Barômetro patrocinada pela Cisco estabeleceu como meta, na primeira versão, em 2006, o desafio de que o país alcançasse 10 milhões de conexões de banda larga em 2010. O objetivo foi alcançado com dois anos de antecedência, em julho deste ano, quando o Brasil registrou 10,04 milhões de conexões de alta velocidade.

A nova meta é de 15 milhões até 2010, mas Ripper admitiu que o rápido crescimento do mercado faz com que os organizadores já avaliem se terão de estabelecer um novo objetivo. "Estamos discutindo se é o caso de rever a meta novamente”, afirmou.

Ele lembrou que, quando a Cisco e a consultoria IDC começaram a mapear o mercado de banda larga no Brasil, alguns especialistas falavam que o país chegaria na saturação com 10 milhões de assinantes. O número, entretanto, foi alcançado com um crescimento de 48 por cento sobre julho de 2007 e não dá sinais de arrefecimento.

"Não vamos estabelecer uma meta de 30 milhões para 2010 porque não seria viável, mas a idéia é desafiar o mercado com uma meta que se mostre possível."


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