A transmissão de banda larga pela rede elétrica, que é testada e estudada no país há anos, ganhou um impulso importante nesta semana, depois que o conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a criação de uma consulta pública sobre o assunto.
Ainda não há data para que a consulta pública seja realizada, mas esse é o primeiro passo para que o Brasil tenha uma regulamentação para essa nova modalidade de conexão, que usa a infra-estrutura de redes elétricas em conexões que podem chegar a 200 Megabits por segundo (Mbps). Hoje, a velocidade mais alta disponível no país não passa de 30 Mbps.
Pedro Luiz de Oliveira Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infra-Estrutura e Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel), defende a adoção da tecnologia Power Line Communication (PLC) no Brasil há anos e comanda testes que a entidade realiza em locais de baixa renda.
Agora, ele afirma, em entrevista à Reuters, já ter "uma expectativa concreta" de que o sistema se massifique no Brasil em cerca de um ano.
De acordo com o executivo, que também atua na Eletrobras, "há vários grupos interessados com investimentos previstos só aguardando essa regulamentação".
Jatobá afirmou estar acompanhando de perto o desenrolar do assunto na Anatel e lembra que, no caso da conexão conhecida como "indoor" --só dentro de um determinado ambiente-- já existem exemplos de uso em hotéis e edifícios comerciais porque essa modalidade não depende de regras da agência.
"Agora isso poderá se massificar nas residências", acredita o executivo, já que a popularização pode baratear os custos dos equipamentos e se tornar uma opção a mais de conexão.
O presidente da Aptel prevê a união entre as operadoras de telefonia e as concessionárias de energia elétrica para levar essa nova opção aos clientes. "Eu acredito no modelo das parcerias", afirmou.
Ele lembra que "está aumentando muito a demanda das elétricas por recursos de telecomunicações" para a instalação de medidores eletrônicos e sistemas de acompanhamento remoto do consumo de energia nas casas.
Tal demanda poderá aproximar os dois grupos de empresas, na avaliação de Jatobá, já que as teles e os provedores de Internet podem ter na infra-estrutura elétrica uma forma de ampliar seu escopo de atuação. "Vai haver uma convergência natural das redes", espera.
Jatobá também informou que a japonesa Panasonic está participando dos testes de banda larga pela rede elétrica que a Aptel realiza em Barreirinhas (MA) e que, além de modems, fabrica para outros países equipamentos com a tecnologia PLC embutida, como televisores, câmeras de vigilância e sistemas de portão eletrônico.
Em Barreirinhas, o PLC é usado como canal de retorno da TV digital, o que garante a interatividade imaginada pelo governo nesse novo sistema de TV. "Nossa intenção é que isso aconteça também em outras localidades", afirmou.
O bairro Restinga, na periferia de Porto Alegre (RS), também vive um teste da tecnologia para conexões de locais públicos, como postos de saúde e escolas.
A tecnologia permite conexões em até 200 Mbps e, nos testes já realizados até agora, a Aptel conseguiu, "em condições normais", 60 a 70 Mbps. Jatobá explica, entretanto, que "várias medidas podem melhorar o desempenho da rede" e elevar a velocidade possível, como a segregação de circuitos.
Ainda não é possível mensurar o preço ao usuário final, segundo ele, porque isso vai depender "do mercado e do tipo de aplicação" que vai se dar a essa modalidade de conexão.
Reuters
Um comentário:
O problema maior do PLC é a unitilização parcial ou total do espectro de HF. Serviços de telecomunicações que operam na faixa de 3 a 30 MHz sofrem forte interferência por parte do PLC. Comunicações militares, marítimas e aeronáuticas são apenas alguns dos serviços que seriam afetados. A regra em questão visou muito mais o aspecto economico do que o técnico.
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