Há cinco meses tentando abrir um disco rígido criptografado apreendido num apartamento do banqueiro Daniel Dantas, a Polícia Federal decidiu pedir ajuda a técnicos do FBI para tentar quebrar a proteção do disco.
Segundo a presidente da SecuStar no Brasil, Alessandra Godói, a criptografia usada no disco rígido de Dantas não é das mais sofisticadas que existem no mercado. Mesmo, assim, se o usuário do HD tiver criado uma senha muito complexa, a tarefa de abrir o computador é quase impossível.
“A chave de 128 bits (usada no HD Dantas) não é das mais complexas. Há casos de discos com estas chaves abertos por meio de técnicas como checar na memória do HD se a senha está ali armazenada. Ou então tentando combinações simples, como a chapa do carro do usuário, seu time de futebol preferido ou outras senhas mais ou menos óbvias. Se o usuário criar uma senha com muitos algarismos, usar sinais como asterisco e números, então, eu digo que é praticamente impossível abrir um HD assim”, diz Alessandra.
“Não vou dizer que é 100% impossível porque não sabemos que tecnologias vão ser inventadas no futuro. Mas, exceto se o usuário criar uma senha óbvia, não há como abrir um HD criptografado, explica a especialista.
Alessandra diz que criptografias do tipo AES256 são mais complexas e permitem tanta variedade de sinais como, por exemplo, um movimento de mouse. “Uma criptografia desse tipo levaria 10 milhões de anos para ser decifrada, mesmo se houvesse 10 mil PCs tentando ininterruptamente descobrir a senha”, afirma Alessandra.
A Polícia Federal sabe das dificuldades e, por isso, analisa pedir à Justiça americana que obrigue a companhia que desenvolveu o software de segurança a fornecer um método para abrir o HD. “Acho muito difícil a PF obter sucesso deste modo. Primeiro, porque as leis americanas protegem fortemente a privacidade. Segundo porque a senha não é criada pela empresa e sim pelo usuário, que o faz na privacidade de seu lar”, analisa Alessandra.
Criptografia sofre restrições no mundo
Segundo Alessandra, o poder das criptografias é tão grande que vários países proíbem usuários comuns de usá-las livremente. “Na França, por exemplo, o máximo que um usuário comum pode usar como criptografia é uma chave de 128 bits. Usar um nível de segurança superior a isto é crime. Só o Estado pode usar recursos mais sofisticados, como chaves do tipo AES256, restritas a informações militares por exemplo”, conta Alessandra.
Na China, o uso de criptografia sem autorização legal pode levar o usuário para a cadeia e até gerar uma condenação à morte, caso as informações criptografadas de modo ilegal sejam consideradas perigosas à soberania e os interesses do Estado chinês.
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