Era uma vez o Netscape, um navegador incrível que conduzia viajantes destemidos pelos mares primordiais da web. Quem viveu aquela época jamais se esquecerá do enorme “N”, localizado no canto superior direito do programa, que era rodeado por cometas e estrelas à medida que se carregavam as páginas pela lenta internet discada. Para usá-lo, era necessário pagar, mas todo mundo fazia isso com gosto.
O software tornou-se obrigatório para quem quisesse desfrutar as maravilhas da rede mundial de computadores. E a Microsoft nem ligava. Mas um dia Bill Gates resolveu acordar. Alguém deve ter falado: “Essa tal de internet é muito importante, cara. Não podemos ficar de fora.” Foi então que criaram o Internet Explorer, que foi empurrado goela abaixo de quem instalasse o Windows – tudo na faixa.
Ali teve início a chamada guerra dos browsers. Como baixar um programa era um sacrifício naquela época (e de graça o pessoal topa até injeção na testa), a maioria dos usuários aceitou a oferta. Em pouco tempo, o Netscape morreu. A Microsoft foi acusada de monopólio pelo Departamento de Justiça, nos Estados Unidos, e teve de amargar anos de publicidade negativa até que firmou um acordo. O que Bill Gates ganhou com tudo isso? Nada.
E eis que agora, muitos anos depois, o Google resolveu exibir sua face Microsoft. Na semana passada, ao tirar o rótulo de “beta” do navegador Chrome, a empresa mais querida da internet deu um pontapé no Firefox. A suíte de aplicativos Google Pack passou a incluir o Chrome como opção oficial de navegador a ser instalado no PC junto com os outros programas. Por enquanto, isso ocorre no site em inglês do pacotaço. Mas logo deve migrar para os outros idiomas.
Como você pode ver na imagem acima, o Firefox aparece, mas o usuário só vai baixá-lo se selecionar a caixinha. Fica, então, a pergunta: por que não levar o internauta a fazer o download de um software com anos de estrada e muito mais recursos? Por que, na visão do Google, é preciso optar pelo Chrome? Acho que Bill Gates sabe a resposta.
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