Abrir um livro, procurar um tema no índice, ler algumas páginas sobre um assunto e fazer um trabalho para a escola. A internet fez os estudantes das escolas mais caras de São Paulo se afastarem das bibliotecas. Com a facilidade da pesquisa na web, os adolescentes admitem que, na maioria das vezes, passam longe dos livros para fazer as pesquisas pedidas pelos professores.
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 71,7% dos entrevistados utilizam a internet para educação e aprendizado (o percentual é de 90% entre os estudantes). O número alto se deve ao fato de a rede mundial ser dominada por uma maioria de pessoas jovens. Os jovens com acesso à internet representam a metade da população estudantil. De acordo com a pesquisa, 50,6% não usam a web por não ter acesso a um computador. A maioria dos adolescentes entrevistados pelo G1 – todos de escolas caras, voltadas para a classe alta em São Paulo – utiliza a rede mundial principalmente para se relacionar com os amigos, mas também para as pesquisas da escola. “A maioria, ou quase todos, usa a internet para fazer pesquisas porque é mais prático. Você digita a palavra-chave e acha o que está procurando”, afirma a estudante Ana Cláudia Cassanti, de 15 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio no Colégio Dante Alighieri, na Zona Sul de São Paulo.
Para o aluno Rodrigo Bianchi, de 15 anos, que estuda no mesmo colégio, a internet pode ser uma boa ferramenta para o estudo, desde que o jovem saiba onde procurar. “Eu uso o Google quando quero algo mais geral. Para uma pesquisa escolar, eu uso sites de jornais e revistas”, explica. O jovem defende que a internet deve ser usada como “algo a mais” e não como única fonte de informação. Muitos alunos, entretanto, usam exclusivamente os sites para o estudo. “É mais fácil, mais rápido, você precisa procurar menos e não tem que ir até a biblioteca para pegar um livro”, diz Kayann Hayek, de 17 anos, estudante da 3º ano do Ensino Médio do Colégio Bandeirantes, também na Zona Sul. Por conta disto, a escola procura criar projetos para aproximar os jovens dos livros. “Na disciplina de português, existe um projeto este ano para incentivar os alunos a usarem a biblioteca”, explica o professor Mário Abbondati, de 53 anos, coordenador de tecnologia educacional no Colégio Bandeirantes. O professor defende que a internet pode ser uma boa fonte para os estudos, desde que bem usada. “Não pode ser a única fonte de informação. Mas temos um trabalho para que, quando os alunos usarem, utilizarem bem. Não simplesmente copiar e colar”, conta. A prática de apenas copiar o conteúdo da internet é difundida entre os estudantes. “Eu faço pesquisa para o colégio, costumo copiar e colar. Também pego resumo dos livros”, admite César Hubaika, de 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Porto Seguro. Mas ele sabe que a prática prejudica o aprendizado. “Nem dá para aprender muito”, afirma. Por outro lado, há jovens que não confiam nas informações encontradas em sites de busca na web. “Eu pego a informação e, como não sei se está certo, confirmo em um livro”, diz o estudante Pedro Lopes, de 15 anos, também do Colégio Porto Seguro.
24.3.07
Informática: Nas escolas particulares de SP, internet substitui livros
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