21.3.07

Música: Bandas odiadas e massacradas conseguem manter sucesso


Especialista falam sobre a durabilidade de grupos como Nickelback. Fãs desses artistas não têm "muita bagagem", diz um crítico.
Poucas bandas inspiram tão intensa aversão quanto o Nickelback.
O quarteto canadense do pós-grunge já foi detonado, pisado e odiado por um sem-número de críticos, esnobes descolados da música e outras figuras do tipo. Como também foram artistas como Hinder, uma banda de rock de Oklahoma, o Black-Eyed Peas, que já ganhou um Grammy e criou hits como "My humps", além de Britney Spears, que, em seu auge, era criticada por tudo que fazia, desde sua voz ao fato de que não compunha suas próprias músicas
Ainda assim esses nomes já venderam milhões de álbuns. Então são os críticos que estão errados? Consumidores de música tem mau gosto? Ou é uma espécie de castigo cármico para os que destilam seu ódio?
"Existem algumas bandas que são, vamos encarar isso, à prova de críticos", afirma Nathan Brackett, editor na revista "Rolling Stone". "Assim como são alguns filmes. Enfim, ninguém está lendo as críticas dos discos do Nickelback."
Talvez isso seja algo bom. "All the right reason", da banda canadense, estreou em primeiro lugar no segundo semestre de 2005 e ainda estava em 16º nesta semana. E foi chamado de "hard rock ridículo" pelo jornal "The New York Times" e "indizível horror" pelo site Allmusic.com. Segundo a "Rolling Stone", até o líder do Nirvana, Kurt Cobain, desaprovaria, e o disco "é tão deprimente, que você quase fica feliz de que Kurt não está por aqui para ouvi-lo".
Pessoas jovens que "conhecem essas bandas pelo rádio não tem muita bagagem [musical]", diz Brackett. "Muitos garotos não se importam se um artista pegou de outra banda o som de sua guitarra."
Grupos pós-grunge como o Nickelback e Hinder continuam populares - ou um desastre total, a depender da sua opinião - em parte porque eles têm apelo entre a platéia feminina, afirma Craig Marks, editor da revista "Blender". "Uma banda um pouco mais descolada vai vender mais discos para garotos do que para garotas", afirma.
"Eles estão vendendo muitos discos para fãs de música muito casuais, que não costumam comprar muitos CDs", continua Marks. "Quando vocês está vendendo 5 milhões de álbuns como o Nickelback ou 2,5 milhões como o Hinder, e especialmente quando você está deixando sua marca com baladas que são músicas de casamento, então você está vendendo tanto para homens quanto para mulheres. E é aí que você passa de 1,5 milhão de discos para 4 ou 5 milhões."
* Garotas adolescentes
"Quando garotas adolescentes ou mais novas gostam de um artista, isso é um sinal de que o artista não é descolado", diz Marks, que dá Britney Spears como um exemplo. "Minha irmãzinha gosta dela."
Publicidade, resenhas de música e tendências da moda nos dizem que "descolado" é um rapper afiado, uma banda descolada ou uma diva britânica como Amy Winehouse. Descolado não é o Nickelback ou o Black-Eyed Peas. Eles não são suficientemente ruins para se tornarem descolados, como o grupo Fountain of Wayne.
Eles simplesmente são, em poucas palavras, algo que não é legal dizer que você gosta.
Mas para cada pessoa que odeia um artista há alguém que é fã. Jaclyn Hafenstein, de 30 anos, é um deles. "Será que eles não detonam o Nickelback porque a música do grupo é simples, não é diferente?", disse ela à Associated Press. "Por que é tão ruim? Seja lá o que eles façam, me dá vontade de balançar a cabeça e cantar junto! Eu não posso dizer isso para todas as bandas, goste eu delas ou não."
* Fechados
"O real perigo de críticos estarem fechados no seu círculo, em Nova York, Los Angeles e São Francisco e meio que ignorar essas bandas apenas porque todos os críticos que eles conhecem e todos o chamado pessoal descolado estão ignorando esses artistas", disse Brackett, da "Rolling Stone".
Ele aponta grupos como Led Zeppelin e The Doors como artistas que foram ignorados pelos críticos. Mas ele diz "houve diversas vezes em que os críticos estavam certos".
Para Craig Marks, da "Blender", "você precisa ser bastante popular para conseguir arregimentar toda essa aversão", diz. "Como no esporte, nos jogos fora de casa, ninguém da torcida da casa vaia o cara que está no banco e sim a estrela do time visitante. Sabe como é: é uma homenagem ao sucesso dele."

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