Computadores são ótimos em matemática e sofríveis na hora de reconhecer o rosto humano, coisa que qualquer criança faz com um pé nas costas. Como fazer para que eles melhorem nesse segundo quesito? Transformando a tarefa numa espécie de conta, é claro. A abordagem foi testada por uma dupla de pesquisadores da Universidade de Glasgow, Reino Unido, e obteve um sucesso estrondoso. Ao usar fotos artificiais, que são uma espécie de "média" do rosto das pessoas em várias imagens diferentes, as máquinas conseguiram acertar a identificação em 100% das vezes.
Na era pós-11 de setembro, quando o mundo todo anda paranóico e louco para rastrear e capturar criminosos internacionais e terroristas, a sugestão de Jenkins seria uma mão na roda. O problema é que a identificação automática de rostos, que seria importante na alfândega de um aeroporto grande, por exemplo, ainda engatinha. No teste inicial feito pelos cientista britânicos, envolvendo 500 images de 25 celebridades do sexo masculino, a taxa de acerto do computador foi de só 54%. Bin Laden agradeceria.
Como dar um jeito nisso? Eis a questão, e um estudo da própria psicologia humana deu pistas valiosas, conta Jenkins. "O que acontece é que os seres humanos são muito ruins na hora de reconhecer um rosto que não lhes é familiar -- comparando a foto no passaporte de um desconhecido com a cara desse mesmo desconhecido, por exemplo. Mas são muito boas na hora de reconhecer o rosto de alguém que elas já conhecem bem. Nosso interesse era entender o que estava causando essa transição", diz ele.
Um dos truques que eles tentaram foi usar um computador para misturar várias fotos numa única imagem. Impressionantemente, isso funcionou com gente: as pessoas se davam melhor para reconhecer rostos não-familiares. Restava ver se funcionaria com o computador também. E foi o que aconteceu.
Jenkins acha que a mistura de imagens quebra o galho da máquina porque deixa de lado detalhes irrelevantes, como a postura da pessoa e a iluminação, e se concentra nos detalhes essenciais. O melhor de tudo é que ela envolve modificações nas imagens, e não nos sistemas, barateando muito o custo da implantação da idéia.
"Talvez valha a pena, por exemplo, trocar as fotos normais dos passaportes e outros documentos por essas imagens médias", avalia ele. "Outras aplicações possíveis são os sistemas de acesso automático, a ajuda nas buscas por pessoas desaparecidas e a procura de imagens em bancos de dados da internet."
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