31.3.08

Filme na web gera protestos de muçulmanos

O governo holandês tenta evitar a ira islâmica depois do lançamento na internet de um filme feito por um deputado que acusa o Corão de incitar à violência.

O deputado direitista Geert Wilders fez o lançamento na noite de quinta-feira. O filme "Fitna" (termo corânico às vezes traduzido como "briga") entrelaça imagens dos atentados como os de 11 de setembro de 2001 com citações do Corão.

O filme argumenta que o crescente número de muçulmanos na Holanda e no resto da Europa ameaça as sociedades democráticas, e pede aos muçulmanos que rasguem os versículos "cheios de ódio" de seu livro.

Depois da legenda "A Holanda no futuro?", o filme mostra homossexuais sendo executados, crianças com rostos ensanguentados, mulheres apedrejadas e mutilação genital. Conclui com uma caricatura do profeta Maomé com uma bomba sob o turbante --a mesma que, publicada num jornal dinamarquês em 2006, provocou protestos em todo o mundo islâmico.

Para evitar que tais protestos se repitam, o governo holandês rejeitou de antemão as posições de Wilders.

"Acreditamos que [o filme] não serve a propósito nenhum senão ofender", disse o primeiro-ministro Jan Peter Balkenende. "Mas sentir-se ofendido não deve nunca servir como pretexto para agressões e ameaças."

Ele disse que a Holanda está em contato com países islâmicos e com exportadores holandeses, e se disse tocado com a reação inicial moderada dos muçulmanos do país.

Mas em lugares como Afeganistão e Indonésia, manifestantes foram às ruas, mesmo antes do lançamento do filme, para queimar bandeiras holandesas e dinamarquesas. Os governos do Paquistão e do Irã criticaram o projeto.

A Otan disse que o filme pode piorar a segurança das tropas estrangeiras no Afeganistão, principalmente de 1.650 soldados holandeses.

Brahim Bourzik, porta-voz de um grupo holandês-marroquino, disse que as mesquitas vão abrir suas portas ao público na sexta-feira num esforço para dissipar a tensão.

Um tribunal de Roterdã deve decidir na sexta-feira sobre um mandato de segurança solicitado pela Federação Islâmica Holandesa. Wilders disse na quinta-feira que o filme não viola lei alguma.

O diretor está sob escola por causa de ameaças sofridas desde 2004, quando o cineasta Theo van Gogh foi assassinado depois de fazer um filme crítico ao tratamento da mulher pelo Islã.

Cerca de 1 milhão dos 16 milhões de habitantes da Holanda são muçulmanos.

Neste mês, as autoridades elevaram para "substancial" o nível de alerta contra atentados na Holanda, devido à iminência do lançamento do filme de Wilders. Todos os políticos foram orientados a informar à polícia sobre suas atividades públicas.

Exportadores temem um possível boicote no mundo islâmico, embora o comércio com esses países represente uma fatia marginal do total. Também há preocupação pelos cerca de 25 mil cidadãos holandeses vivendo em países muçulmanos.

Reuters

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