31.5.08

'Não sou gênio como George Lucas', diz criador do game 'Metal gear solid 4'


A menos de um mês do lançamento de "Metal gear solid 4", um dos jogos mais aguardados de 2008, a pressão sobre Hideo Kojima não poderia ser maior. Mas o designer japonês mostra que está tão tranqüilo quanto o experiente Solid Snake, o protagonista de seus jogos de espionagem.

"Metal gear solid 4" tem pela frente missões mais difíceis do que simplesmente ser um bom jogo. Envolvendo espionagem e ação militar, o título encerra uma década de aventuras do herói Solid Snake e tem a responsabilidade de alavancar as vendas do PlayStation 3, videogame da Sony que corre atrás do Xbox 360 (Microsoft) e do Wii (Nintendo).

As três versões anteriores do jogo produzido pela Konami venderam mais de 17 milhões de cópias em todo o mundo. As tramas complexas e cheias de detalhes de Kojima lhe colocaram entre os maiores criadores de games, ao lado de Will Wright ("The sims") e Shigeru Miyamoto ("Super Mario").

Em entrevista, Kojima fala sobre o lado positivo de receber tanta pressão e explica que está pronto para se despedir da série que marcou seu nome na história dos games.


Reuters - Há muita expectativa de que "Metal gear solid 4" ajude a Sony a vender mais PlayStation 3. Isso gera muita pressão sobre você?

Hideo Kojima - Com certeza existe pressão. Sempre existe. Mas eu não encaro isso de forma negativa. Posso usar essa pressão para elevar o padrão do que estou criando. Nesse sentido, é uma pressão positiva.

Reuters - Indique duas ou três coisas que fazem de "MGS 4" um jogo diferente não apenas dos anteriores na série, mas também de outros jogos no mercado. O que o torna único?

Kojima - A série "Metal gear solid" sempre envolveu ação, ou, na verdade, o que chamamos de ação "stealth" (de espionagem, discreta). Dessa vez o cenário é uma zona de guerra, um campo de batalha, o que resulta em uma experiência única. É uma região de conflito armado, então existe troca de tiros entre o lado A e o lado B, mas também existe muita liberdade para você tirar vantagem de estar num campo de batalha e descobrir diversas maneiras de jogar.

Reuters - O que você fez com a história? Qual a importância da história para esse jogo? Ela encerra a série "Metal gear"?

Kojima - Sim, ela encerra as histórias iniciadas nos jogos anteriores da série. Eu não sou gênio como George Lucas (criador de "Guerra nas estrelas"), eu não tinha essa história toda planejada. Sempre tentei encerrar a história em cada jogo. Mas por algum milagre, em "MGS 4" eu consegui resolver alguns mistérios deixados para trás em jogos anterieores e resolver os acontecimentos paralelos.

Reuters - Qual foi sua inspiração para criar "Metal gear solid", seja a série como um todo ou especificamente "MGS 4"?

Kojima - Na verdade, posso contar de uma experiência que não serviu muito como inspiração, mas que influenciou na criação do estilo de jogo. Nós temos um consultor militar muito bom, temos aulas com ele e vamos a campos de treinamento. Essa foi uma experiência muito valiosa no design do jogo. Não é apenas "como usar armas de fogo", é mais pelo lado mental ou psicológico, como o seu relacionamento com o ambiente ou como desaparecer em uma floresta.

Reuters - Você deu sinais de que esse seria seu último jogo da série "Metal gear solid". Você planeja participar de outros projetos ou vai continuar envolvido com a franquia?

Kojima - "Metal gear solid" nunca vai morrer. Sinto-me com a responsabilidade de continuar a série enquanto os jogadores pedirem. Mas isso não significa que eu vou me dedicar exclusivamente à ela. Eu provavelmente vou assumir um novo papel num próximo jogo. Talvez eu participe como produtor e deixe os jovens assumirem o comando da nova série. Eu realmente quero tentar coisas novas.

Reuters - Os games vêm ganhando status compatível com grandes sucessos de Hollywood. Vocês, desenvolvedores, estão tendo maior reconhecimento com esse tipo de arte?

Kojima - Sim, eu concordo plenamente. Quando o entretenimento se torna digital, pode haver uma grande colaboração entre games e outras áreas como cinema e até literatura. Todos esses canais devem se juntar para formar um meio coerente. Não posso prever exatamente se isso vai acontecer em dois ou três anos, ou sei lá. Mas a tendência existe, as coisas estão acontecendo e eu acredito que a convergência vai acontecer, cedo ou tarde.


Reuters

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