6.8.07

Games: Game para cegos estimula interação e valoriza audição

Um videogame de aventuras permite que pessoas cegas joguem "quase" em igualdade de condições com outras sem problemas de visão e, inclusive, transforma este sentido, dentro deste mundo fantástico, em uma armadilha para a resolução do jogo.

"Onae, a aventura de Zoe" é um jogo de aventura - em cinco idiomas: castelhano, catalão, galego, basco e inglês - produzido pela Vector Animado.

Em relação aos outros jogos desenvolvidos para cegos, é o primeiro em que qualquer pessoa, possuindo ou não o sentido da visão, pode competir, graças à tecnologia tridimensional utilizada, diz à Efe Eugenio Pérez, diretor do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Cidat-Once (Organização Nacional de Cegos Espanhóis).

"O jogo permite que vários irmãos, com ou sem visão, joguem", diz Paco Vázquez, um dos criadores do game e que destaca o elemento integrador como uma vantagem para romper o isolamento com o qual uma pessoa cega costuma conviver.

Segundo Vázquez, até agora havia muitos jogos para cegos em duas dimensões, os quais, além disso, fazia essas pessoas se "fecharem em suas fantasias".

No game, a personagem Zoe é uma jovem estudante de geologia que trabalha em uma mina recolhendo amostras e que, no meio de um terremoto, vai parar em um mundo povoado por uma civilização desconhecida.

Ela, então, é obrigada a cumprir várias provas para sair desse outro mundo.
O novo jogo é o primeiro em terceira dimensão disponível no mercado. Além disso, sua tecnologia permite que uma pessoa cega jogue "quase nas mesmas condições que uma que enxerga". Para isso, os efeitos sonoros são potencializados ao máximo, diz o diretor do Cidat.
"Com o sistema, uma pessoa cega, através da audição, tem mais informação que uma que enxerga, já que o elemento sonoro o ajuda a ter certas vantagens e a avançar dentro do jogo", afirma.

"O jogo se passa em um formigueiro praticamente às escuras, no qual é preciso se movimentar superando obstáculos como paredes e portas e resolvendo situações", diz Pérez.
Nesse mundo de galerias com pouca luz, "a pessoa que enxerga tem dificuldade de se movimentar com agilidade", e por isso, os sons são a pista fundamental.

"Trata-se de implantar rotas de som. Os jogadores cegos ouvem um apitinho e, pela freqüência e a velocidade, sabem onde um objeto está", afirma o criador.
Além disso, existem teclas de apoio que dão pistas para saber onde o jogador se encontra, e, muitas vezes, o cenário "não representa vantagem alguma".

"Pelo contrário, há situações nas quais enxergar atrapalha", acrescenta.
"Há situações nas quais é preciso escolher um som e, se o jogador se guia pela visão, vai se enganar", diz o diretor da Vector Animado.
A Once já expôs o jogo em caráter experimental e deve começar a comercializá-lo no segundo semestre.
Tecnologia pouca é bobagem...

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