A Embratel estréia este ano um serviço de TV paga por satélite que, diz a empresa, completa sua estratégia.
Quatro anos depois de comprada pelo grupo mexicano Telmex, a Embratel acredita estar prestes a completar a estratégia traçada pelo novo controlador: tornar a companhia menos dependente do mercado de longa distância com uma oferta convergente que gere mais equilíbrio entre as fontes de receita.
Até o final deste ano, quando começa a oferecer serviços de TV paga em todo o Brasil via satélite, a empresa terá completado a entrada nos três grandes focos estabelecidos pelo grupo: residencial, corporativo e de pequenas e médias empresas.
Quando foi comprada, a Embratel estava em plena perda de participação naquele que era seu principal mercado, o de chamadas de longa distância, que já respondeu por mais de 90 por cento de sua receita, e se viu às voltas com o escândalo contábil de seu antigo controlador, a WorldCom, nos Estados Unidos.
Mais recentemente, a receita de voz de longa distância é responsável por 50,4 por cento do faturamento total da companhia, segundo o balanço da Embratel de segundo trimestre.
A companhia tem 4 milhões de linhas fixas --o equivalente a 10 por cento do total de assinantes desse serviço no Brasil-- das quais 2 milhões são de telefones fixos que usam uma rede sem fio e são mais voltadas para as classes C e D, afirmou Mauricio Vergani, diretor executivo da Embratel, em entrevista à Reuters.
As linhas restantes são divididas igualmente entre clientes de telefonia via rede de TV a cabo da Net, da qual a companhia é acionista minoritária, e empresas.
Na avaliação de Vergani, "como chegamos depois (na telefonia fixa) tínhamos que oferecer uma solução que combinasse preço e qualidade". Mas ele admite que a telefonia fixa é hoje um segmento estagnado e afirma que os seus atuais clientes "vêm mesmo da atração dos usuários da concorrência".
PEQUENAS E MÉDIAS
O segmento mais recente em que a Embratel ingressou foi, neste ano, o de pequenas e médias companhias, que ela passou a atender com as licenças WiMax adquiridas ainda em 2002 para serviços de banda larga sem fio.
Em 2008 o serviço está disponível em 12 cidades, número que cresce para 39 em 2009 e alcança 61 municípios em 2010, apesar da companhia ter licença para atuar em todo o Brasil.
Vergani afirma, entretanto, que "a tecnologia (WiMax) ainda não está madura e um fator preponderante para isso é o custo do terminal", que hoje é importado.
A Embratel não divulga o nome dos dois fornecedores de aparelhos de conexão WiMax que utiliza hoje, mas afirma estar "bem próximo" de chegar a um acordo para que eles nacionalizem a produção e, assim, o preço caia.
"No futuro, o WiMax poderá ser usado para outros serviços, tanto residenciais como corporativos", afirmou o executivo, já que a empresa tem uma licença nacional na frequência desse padrão.
TV PAGA POR SATÉLITE
Com um conjunto de satélites próprios na subsidiária Star One, a Embratel se prepara para começar a oferecer TV paga em todo o Brasil até dezembro, depois da autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em abril.
Vergani disse que "a convergência é cada vez mais real" e, por isso, a empresa considerou importante agregar a oferta de vídeo nos seus pacotes. Ele lembrou que a Net tem hoje uma rede que cobre 80 cidades, mas, com a licença via satélite, a Embratel chegará a qualquer município do país, sem, no entanto, fazer concorrência à sua coligada. "Será uma oferta complementar", disse.
Segundo o executivo, a Embratel deu início ao cadastro de parceiros interessados em comercializar a oferta de TV em todo o país há cerca de um mês e negocia acordos de programação.
Diante do processo de consolidação do setor no Brasil, como a fusão que está sendo costurada entre Oi e Brasil Telecom, Vergani afirma que o movimento é "parte da realidade do mercado de telecomunicações" e que a expectativa da Embratel é que as regras do setor "tenham transparência e estabilidade para garantir a perspectiva de retorno do investimento".